Da alegria de educar (Por Ricardo de Faria Barros)

Cheguei na sala de aula e uns 8 alunos já esperavam. Um bom presságio.
Nem sempre eles chegam na hora, e o que chegam, são, na maioria das vezes, muito comprometidos.
Ou seja, eu já tinha 8 pessoas pra trabalhar.
Enquanto ia plugando meus equipamentos, um deles soltou: "sua aula é a mais esperada de todas, desde que entramos na Pós da UNIP! "
Aquilo me deu um frio na espinha. Abri um sorrisão e soltei um:
"É nadaaaaa!!!!"
Aí eles, em coro, começaram a falar do que tinham ouvido dos alunos dos períodos à frente, e até de alguns colegas de trabalho, que pelas minhas aulas passaram.
Agradeci humildemente a Deus. Poder estar sendo instrumento para abençoar a vida de meus alunos. Que seja sempre para a honra e glória de Jesus, apenas. Toda arrogância e orgulho do saber degradam a beleza da alma.
Falei que o papel de um profissional de RH é o de abrir caminhos para a humanização das relações capital e trabalho, sendo quase que um subversivo.
E que para isso, eles precisam passar por transformações em seu modelo mental e na forma como percebem a si mesmos, aos outros e a realidade.
E que esse era o maior objetivo de minhas aulas. Mas, que eu seria apenas um facilitador, que a mudança era uma aposta deles, neles mesmos. Uma entrega.
Que não adianta apenas crer no poder restaurador e refrescante da brisa Aracati, e ponto final. Tem que se mexer, em direção à mudança que almeja. Tem que botar as cadeiras do lado de fora de casa, na calçada, e esperar que ela chegue. Abrindo as janelas e portas do coração.
Numa referência ao vento que sopra do mar, por cima do rio Jaguaribe, lá no Ceará, numa condição única no Brasil, e que leva a brisa úmida por 300 KM, sertão adentro, conseguindo por onde passa baixar o calor local em até 5 graus, como se fosse um imenso ventilador e umidificador natural.
Mas, que sem botar as cadeiras do lado de fora do terreiro, da calçada, do quintal, sem abrir as janelas e portas, não se sentirá nunca a brisa aracati soprando. Ela precisa de uma ação concreta nossa para ser experenciada.
Assim serão as aulas. Eu provocarei com brisas aracatis, mas eles precisarão botar suas cadeiras emocionais para o lado de fora de suas vidas. E se permitirem arejarem-se em todos os aspectos, psicologicamente falando.
Então, convidei-lhes a construírem comigo as aulas, dividindo os textos que estão no site da Ânimo, na aba educação corporativa, entre duplas de alunos. Para condução, dinâmicas e reflexão feitas por eles mesmos, aula a aula.
E que, para isso, eles não deveriam se preocupar com notas e frequencia.
E uma aluna disse: "É professor, e eu soube que mesmo assim ninguém perde suas aulas e todos se esforçam muito nas tarefas de casa e sala de aula."
Então comecei a aula. Começamos dançando o Oi-Êpo.
Depois, passei o primeiro vídeo da série as X Chaves para Felicidade.
O papel das relações.
Abrimos um espaço de interação, com cada aluno contando o valor emocional dos grupos de que participa.
E foi uma etapa da aula muito rica. Uma aluna falou que faz parte de um grupo Naninhas do Bem. Eles fazem bonecos de pano para pessoa que estão hospitalizadas ou em asilos.
Depois um aluno falou que tem um grupo no ZAP para pessoas de sua empresa que estão sofrendo, emocionalmente falando. E que o grupo funciona como se fosse um espaço de coletiva ajuda.
E, aluno a aluno, fui me emocionando com os grupos que eles traziam. Grupo de pescaria, grupo de ex-alunos, grupo de amigos do trabalho, grupo de amigos da vida social que nunca deixaram de viajar juntos, e que os filhos cresceram juntos.
Vibrei com cada um deles. Quem têm grupos para chamar de seus têm tesouros em vida.
Na segunda metade da aula, mostrei o que anda ocorrendo com nossa sociedade, em termos de ambição,estilo de vida super-consumista, e coisas do gênero, e os tipos comportamentais que estamos produzindo, e que habitam todo lugar, de famílias á empresas.
E de como precisamos nos vigiar para não aprendermos com esses comportamentos, para não corrermos riscos de ficarmos iguaizinhos, ou piores, daquilo que abominamos no outro.
Depois, convidei a todos para que venham com um amigo na próxima aula, na quarta, pois a aula servirá para todos, e nela falarei de minha vida e descobertas recentes em psicologia positiva.
Pelas 23hrs, voltei para casa, de coração exultante e agradecido a Deus. Por me permitir mais uma jornada de professor, e, junto com meus alunos, ajudar-me a buscar e valorizar as coisas que realmente por elas valem pena viver.

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