Os Setes Hábitos para a Infelicidade - Lentes Emocionais


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Nota: As boas lentes, numa máquina de fotografar, ao serem giradas cumprem o importante papel de ajustar o foco: seja para melhor captar objetos de perto; seja para aproximar os ao longe, seja para colocar o plano da foto naquele de nossa visão (50mm).
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"O chefe sempre pede os piores serviços para mim, e quando o pessoal não entrega o trabalho a tempo. Acabo sendo convocado para apagar o incêndio. Acho que ele me persegue".
"Vou fazer uma limpeza no meu Face, cansei de aniversariar e poucos me saudarem. Só vou ficar com quem gosta de mim".
Nos diálogos acima existem fortes evidências de que a lente emocional está precisando de um melhor ajuste, para uma possibilitar uma outra compreensão da situação.
Nossa psiquê funciona como uma máquina fotográfica. quem gosta de fotografia usa três variáveis para trabalhar uma foto: a velocidade do diafragma, a abertura da lente e o foco. Dessas três, gostaria de fazer uma analogia com o foco.
Tem fotos que ficam desfocadas. Tem fotos que apensar de focadas, com um zoom muito forte, perdem o contexto, a paisagem. Aproxima muito. Outras, com um zoom muito distante, acaba traduzindo a realidade a simples pontinhos longínquos. minúsculo e tudo vira um pontinho na tela, contudo tem-se a noção do espaço.
Utilizar uma ou outra técnica é uma questão de aprendizado. uma questão de entender qual o motivo que se quer destacar e como trabalhá-lo da melhor forma.
Assim é com a vida. Têm coisas que para vivê-las precisamos regular o foco. Sofrer de lentes desfocadas emocionais é um mal do século. Sensíveis demais, carentes demais, exigentes do outro - e de nós mesmos, demais. Tudo fica ampliado. Ou, tudo é visto de muito longe, quando precisa ser visto de perto. Ou de perto, quando precisa-se mesmo é ver de longe.
Fica-se precisando de uma visita a um oftalmologista de almas. Ao sofrer com a miopia de realidade ou a vista cansada da indiferença.
Um dos bons oftamologista de almas é o autoconhecimento, um outro é do domínio da espiritualidade.
Visitá-los é urgente para não perder os bons momentos da vida ao percebê-los de forma errônea, ou não percebê-los, ou destacar o que deve ser relevado, dado um desconto.
Ao se olhar a vida apenas pelas lentes da emoção.
Lentes desfocadas que distorcem a realidade para que ela caiba dentro dos meus pensamentos. Pessoas altamente emotivas, supersensíveis, sem nenhuma casca grossa, vão passar por momentos de infelicidade na vida. Viver exige alterar o foco de nossas lentes. Seja para melhor perceber uma situação; seja para ver de longe algo, transcendendo a nós mesmos; Seja para ver de perto algo, agindo localmente na solução de problemas.
Nos exemplos que abriram o texto, o da pessoa que reclama de que só recebe trabalho do tipo apaga-fogo, será que não pode ser também justamente o contrário? Ou seja, será que chefe confia tanto no seu funcionário, a ponto de no último instante, quando sente que a vaca está indo para o brejo, pedir-lhe ajuda? No caso do Facebook, será que quem não parabenizou, curtiu, comentou ou compartilhou; não gosta mesmo da pessoa? Será que não esqueceu, não entrou, não estava bem naquele dia, ou simplesmente estava sem rede ou micro?
São distorções emocionais que levam ao sofrer.
Tem gente que se habitou a procurar razões para se sentir diminuído. Lentes desfocadas. Acha que tudo é com ela, ou contra ela. Sofrem muito. Outro dia uma aluna-mãe me abordou sobre seus domingos à tarde. Sentia-se uma serviçal.
A mãe reclama que o filho leva os amigos para almoçar em casa nos domingos e fica uma pilha de louça para lavar. Passa a tarde resmungando, com lentes emocionais ampliadas dizendo-lhes que ela é uma "doméstica dos filhos".
Alterar o foco e olhar de longe ajudaria a essa mãe a perceber outras facetas: Quantos filhos passam domingos com seus pais? Quantos filhos, além de passarem o domingo com seus pais, ainda sentem-se confortáveis para levarem os amigos? Quantos amigos vão iriam querer almoçar na casa de seu filho, se ali não se sentissem bem, mesmo que convidados? Quanta louça pode ficar acumulada para a segunda?
Quantas técnicas poderão ser usadas, e com amorosidade, para que todos se sintam envolvidos também com a arrumação?
Mas, quem sofre de lentes desfocadas acostuma-se com elas. Uma pena. Fica com vida cansada, no lugar de vista cansada. Com miopia afetiva, no lugar de miopia ótica. E, com cataratas emocionais, no lugar da quelas nas retinas.
Precisa consultar seu oftalmologista de alma interior - sua consciência, para se ajudar. E, parar de olhar com lupa para sua vida, procurando nela razões para ser infeliz. Preparar sua câmera fotográfica para focar nas cenas boas, no lado bom da vida, nas coisas boas que todos os dias acontecem, mas que nossos olhos opacos pela indiferença já não as veem mais.
Para a boa saúde oftálmica interior têm coisas que precisarão ter o foco emocional ajustado para vê-las de longe, dentro de um contexto, de uma conjuntura, de um quadro referencial maior. Naquela hora que dizemos: "não é só comigo".
Outras precisam ser vistas de perto. Ser quase que admiradas, contempladas, percebidas em toda sua riqueza e completude. As boas coisas que nos acontecem estão nessa categoria, pena que a indiferença vai nos cegando.Pessoas que moram de frente à praia e não mais a vê, por exemplo. Ou que têm uma família linda, mas só aprendeu a cobrar dela, ou ver o que nela falta para ser perfeita.
Por último, seguindo uma analogia comas opções de ajuste do foco: perto; longe e normal, algumas precisam ser vistas com normalidade. Paciência, aconteceu, o celular caiu na privada. Quebrou, paciência. O carro levou um amassado no estacionamento, paciência. São coisas que foram ficando normais, caso eventualmente acontecem. O que não nos diz que não ficamos irados, mas a ira precisa passar logo.
Dos três ajustes de foco, o mais grave, ainda não citado nesse texto, é o do "não ajuste". O das lentes das lentes desfocadas.
Esse é o da alienação. Do distanciamento e apatia de si mesmo, dos outros e da vida. Tudo é visto borrado, distorcido, ampliado ou diminuído. Não é focado, como nos casos anteriores. é desfocado por uma emoção fora de lugar.
A pessoa sofre de uma aberração emocional oftálmica, sempre vendo a realidade de forma incompleta, distorcida, borrada, com excesso de fantasia ou de realismo trágico. Vive-se num teatro dramático no qual tudo vai pro palco de forma embaralhado, sem foco algum.
Viver bem é a arte de ajustar as lentes emocionais.

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