Os Sete Hábitos para a Infelicidade - Juízo de Valor

"Jamais me perdoarei por aquela decisão que tomei."
"Acho que o casamento de meu amigo é uma fantasia.".

Tem um hábito cruel que molda o curso das águas de nossos pensamentos em terrenos difíceis: o do julgamento.
Nele, o pior juiz somos nós mesmos.
É como se estivéssemos sempre na posição de julgar.
Colocando as emoções no tribunal. Julgamos o outro com severidade. Falta-nos compaixão, ao desenvolver esse hábito.
Todo mundo está em julgamento, e no juri perverso que criamos, ninguém recebe atenuantes, defesas favoráveis.
No hábito do tribunal emocional o mundo é repleto de mocinhos e vilões.
Não se concebe que um mocinho pode ser  vilão, vez por outra, ou um vilão pode ser mocinho.
As coisas, no tribunal das emoções, são vistas em termos binários 1 ou 0; 0 ou 1.
Severos demais, exigentes demais, perfeccionistas demais.
Todos que nos rodeiam, quando temos esse hábito muito extremo, estão nos devendo algo.
Estão precisando pagar-nos "dívidas" afetivas para serem aceitos.
Devendo-nos atenção, reconhecimento, amor, perdão, gentileza.
Ou sejo julgados pelos decretos do direito emocional da inveja, mágoa, rancor e desamor.

Uma outra forma de julgamento severo é para conosco mesmo.

Aquele concurso que não passamos, aquela relação sentimental que fracassou, aquela promoção que não veio, aquela decisão que tomamos e que nãos e revelou promissora. Abre-se as emoções ao buraco negro do passado, na sua força impressionante chamada de culpa. A culpa arrasta-nos para um lugar de não-ação, de pouca energia para virarmos as páginas. A culpa suga tudo ao redor, tal qual um buraco negro na física quântica.
Quando mergulhados no hábito do tribunal emocional, acabamos sendo o pior juiz de nós mesmos, e dos outros, minando nossa esperança e confiança em tempos melhores.
A aceitação de si mesmo é um passo concreto para alterar o curso do rio dos pensamentos,l que correm nesse padrão de comportamento infeliz.
É fácil julgar o passado com os olhos do presente.
Fácil e de profunda crueldade. Aceitar-se é fundamental para fechar janelas da alma. Ao nos aceitar, em nossas limitações, carências, medos, manias e imperfeições abrimos espaço para que a estima por nós mesmos cresça.
Consequentemente, passamos a desenvolver a atitude da compaixão, ou da misericórdia, ao nos ver, a todos, dentro do mesmo balaio de não-completude, de não-perfeição.
Ficamos mais humanos, compreensivos com as diferenças, flexíveis a outras vistas de um ponto, ou outros estilos de vida.
Sair da posição de juiz ou "advogado do diabo" nos conecta a uma energia maior, a da aceitação, do perdão e da resiliência. As pessoas têm direito ao erro, a não funcionarem exatamente como queremos, a não nos oferecerem o que estamos precisando.
E, não precisam ser julgadas com severidade por essas expectativas não atingidas, condenando-as à pior das penas emocionais: a indiferença.
Seja para com o outro, seja a mais grave, para com nossa própria vida.
Decrete um habeas-corpus para você mesmo e livre-se das prisões do juízo de valor.

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