Seja Jequitibá



Milenar Jequitibá do Parque Estadual de Vassununga-SP, foto Murilo,
da Copel de Faxinal do Céu - PR. Especialmente cedida a este autor.
Domingo passado esperei o fim da tarde para jardinar. Gosto daquela hora do dia, na qual a natureza silencia, e espera toda oferecida o lençol da noite cobri-la para o amor.
Na minha cidade, no fim da tarde as rádios tocavam a Ave Maria. E já era noite. Por aqui, no Centro-Oeste, ainda teremos quase duas horas de luz do sol, mesmo que tênue. Antes de cavoucar a terra, fui buscar minha vitrola portátil, coloquei um dos tantos vinis que ganho, ou compro, e que ficam esperando uma boa ocasião para tocarem.  Primeiro, resgatei de vasos opressivos as florezinhas que decoraram os meus 50 anos, comemorados neste mês. Elas estavam esquecidas em restos de arranjo, e tive dó delas. Fofei a terra, botei um pouco de adubo e as deitei no solo. Torcendo que o tempo mudasse, o que acabou acontecendo noite adentro. Depois, peguei todo cerimonioso o presente que o Maurício me dera. Era uma muda de Jequitibá. Jequitibás são árvores sagradas, sua tradução do Tupi significa Gigante da Floresta. O Jequitibá da foto, tem mais de mil anos e 50 metros de altura, e fica no Parque Estadual de Vassununga-SP. Maurício me contou que minha muda precisará de uns 30 anos para ficar frondosa e grande. Será que viverei o bastante até 82 anos para vê-lo crescido? Pensei melancólico.

Mas era melancolia das fracas, anêmicas, logo passou. Afinal, quem planta Jequitibás não planta para o natal. Planta para gerações futuras. Para JG (meu quarto filho, de 7 anos, o João Gabriel) e seus amigos churrasquearem à sua alta e grande copa. Precisamos aprender a ser Jequitibás. Aprender a esperar, aprender a lidar com todo tipo de revés que a vida vai nos causando, sem nos perder de nossa essência, e dos nossos sonhos mais preciosos e caros. Imagine o quanto nos próximos 30 anos essa árvore enfrentará de ventanias, tormentas, secas, baixa umidade, formigas, cupins, e o mais letal de todos o flagelo, o bicho-homem a atormentá-la e querer trocá-la por um “piso de cimento”.  Mas, o Jequitibá não desistirá.  Jequitibás não desistem. Temos aprendido a ser frágeis. Aprendido a valorizar muito mais as dificuldades do que o nosso projeto de longo prazo, construído numa realidade asfixiante, no aqui e agora.
Precisamos da coragem dos Jequitibás para sermos mais que sobreviventes em nossa existência.

ü  A coragem de se manter no reino dos valores, quando tudo ao lado desmorona.
ü  A coragem de romper com tudo que nos sufoca, quando tudo ao lado pede a segurança das gaiolas.
ü  A coragem de recomeçar, quando tudo ao lado desiste.
ü  A coragem de confiar, quando tudo ao lado é desconfiança.
ü  A coragem de gostar de você mesmo, não esperando para que isso aconteça que alguém goste de você.
Imagine o quanto esse jovem Jequitibá tem que ter de autoestima quando dialoga com outras plantas.
Imagino o pé de Fícus que mora perto dele tirando onda. “Ei Jequitibá, tu és anão é?
Imagino o Jequitibá, pensando com suas folhas: “Ele, o Ficus, não sabe que sou a maior árvore do Brasil e a mais velha. Só preciso de tempo.”  Todos nós temos um Jequitibá dentro de nosso coração. Somos a grande árvore da floresta de Deus Pai.  Só precisamos de tempo para crescer e revelarmos nosso melhor e maior potencial.
Só precisamos acreditar que não somos feitos para rastejar, para ser vermes ou medíocres.
E, não falo de crescimento material. Falo de crescimento interior. Aquele que a traça não come e o ladrão não rouba. Conversando com meu Jequitibá hoje à noite, ele me falou que tem segredos milenares para me contar. Fiquei surpreso, ansioso e agradecido por tamanha gentileza de sua parte.
Ele foi me falando aos poucos do que o faz forte e esperançoso, mesmo em meio a tanta árvores, animais e pessoas fast-food, sem valores, que habitam o seu ecossistema.

Primeiro Segredo – Repita sempre, quando algo não sair conforme espera: Isso também passa. Isso também passa é o primeiro segredo do meu jovem Jequitibá de nome Deysy. La Deysy, a bela da floresta. Não há problema que dure uma eternidade. Não há dor que se eternize. Não há alegria que dure sempre. Ou seja, isso também passa. Esteja aberto a viver o que de melhor tem a vida. Quanto aos momentos de luto, isso também passa. Apenas espere esperançoso tempos melhores. Deysy me deu a fórmula dela: “Sempre digo, as coisas irão melhorar”.

Segundo Segredo – Repreenda seus pensamentos ruins, com outros pensamentos bons. Encontre sempre um oásis do bom para levar seus pensamentos. Toda vez que estiver pensando algo do reinado da inveja, mágoa, culpa ou ódio, repreenda fortemente seu pensamento. Troque esse canal, essa estação de dor mórbida, por outras de paz. Ache a paz em meio ao turbilhão, esse é o segredo adicional do segundo segredo.

Terceiro Segredo – Deysy me contou que aprendeu a gostar dela como ela é. Ela me falou que antes se comparava com os Ipês, os Jacarandás e sofria. Via que eles cresciam, davam flores, frutos, atraiam pássaros e ela não passava de um toquinho. Com o tempo ela teve clareza que cada um cumpria sua missão. Que os espécimes eram diferentes. E que ela era bonita, mesmo crescendo devagarinho. O terceiro segredo é o antioxidante da autoestima. Rejuvenesce o ser. Você é, quem é, simples assim. E, se tiver que mudar para ser aceito, se tiver que renunciar a você mesmo e seus mais preciosos valores para agradar, morrerá um pouco todos os dias.

Quarto Segredo – Minha menina árvore tomou um gole de água e contou-me o quarto segredo. “Feche as covas”. Não entendi na hora. Como assim Deysy? Feche as covas, as coisas que foram ficando mal resolvidas na sua vida, na sua história. As feridas abertas, os traumas, as culpas. Os desamores que foi sofrendo, as pisadas de bola que sofreu ou fez. Feche as covas. Enterre-as. Faça as pazes com sua história. Com seu passado. Aprenda fechar covas, janelas ou virar páginas, mas aprenda. Aprenda a sair da posição de vítima: das pessoas, das circunstâncias ou de você mesmo.

Quinto Segredo – Mesmo doente aparente estar bem. Deysy, agora tu me pegou, como assim? Finja sua existência quando cansado, desanimado, fraco e adoecido. Bote sua melhor roupa, e solte o seu mais sonoro bom dia, abra o seu melhor sorriso. Tudo passará a conspirar para sua cura. A esperança de dias melhores atua como uma lufada de ar, matando os ácaros que teimam em habitar seu coração sem luz. Todos os dias repita: hoje estou melhor do que ontem, e amanhã será melhor do que hoje. Agora, quem foi tomar água fui eu. Deysy me pegou de jeito, que sabedoria!

Sexto Segredo – Esteja atento. Preste atenção ao bom, belo e virtuoso que acontece nas beiradas de teu viver. Como? Esteja presente, inteiro e conectado. Aprenda a perceber seletivamente o lado bom da vida. Aprenda a identificar as fadas madrinhas, os anjos de luz, os pirilampos de amor que cruzam teu viver diariamente. Eles estão lá, você é que perdeu a capacidade de enxergá-los, pois desde as cavernas aprendeu a selecionar os estímulos negativos, como forma de manter-se vivo ao se defender. Sei que tem horas que tu viverás situações de luta, de selva, situações limites e de estresse máximo. Contudo, cuidado para não passar a habitar nessas situações por toda a vida. Elas também passarão. Têm seres na natureza que de tanto conviverem com o negativo desaprendem a ver o positivo. Como se tudo fosse uma única cena, sem outros atos. Desconsiderando as sutis diferenças nas realidades, ou o contraditório.

Sétimo Segredo – Converta suas maldições em bênçãos. Como assim Deysy? Numa mesma realidade há as duas cenas. Imagine que eu diga que você me plantou perto demais da divisa dos lotes, expondo-lhe a perigos futuros. Eu passaria os trinta anos te maldizendo, e procurando razões para ser infeliz. Agora, imagine que eu nutra em mim a atitude, comportamento e postura de ver o lado bênção da vida. Quando o pensamento de que você me plantou perto da divisa do lotes chegar, eu o repreendo. No lugar eu degusto a satisfação em ser a primeira das árvores de tua casa a t ver chegando do trabalho. Degusto a satisfação de ter sido plantada, quando antas de minhas amigas de viveiros nunca são compradas e presenteadas, como teu amigo Maurício o fez. Imagino a alegria de JG, amarrando uma corda na minha copa e descendo pela varanda de seu quarto por sobre mim, o que só daria para acontecer nessa posição que você me plantou.


Entende-me Ricardim? O negativo, o fato de que o vizinho pode não gostar de minha copa alta, e me agredir, ainda existe. Apenas, escolhi não focar nele, e priorizar coisas boas que também estão presentes. O problema é que vamos nos educando para filtrar apenas o ruim, ficando excessivamente críticos e negativos com tudo que nos acontece. Aí, nem 30 anos serão suficientes para sermos felizes. Estaremos sempre com gosto de guarda-chuva na boca. Ou remoendo, ruminando sentimentos tristes. Sempre numa espera mórbida: pelo melhor trabalho; pelo namorado(a) ideal, pelo chefe bom, pelo passeio dos sonhos. E, enquanto esperamos a parte bênção da vida vai fluindo de nosso ser. Vamos perdendo a capacidade de nos encantar com o sabor do vinho que tomamos, apenas por ele ter sido servido num copo de extrato de tomate. Foca-se no alvo e esquece que a felicidade é o caminho até ele. Foca-se no copo, perde-se de ver a essência. E, nada de partir antes dos meus 30 anos de árvore. Te aguardo para descermos juntos, da varando do JG, numa tirolesa, até meu tronco.  Aprenda a viver o agora; liberte-se da força negativa, reclamona e rabugenta. Saia do modo: “Se...”, ou  “Quando...”.  Aprecie o agora, com suas limitações, mas também com um cem número de oportunidade que – cego pelas preocupações e percepção seletiva, do que está em falta, acaba por não ver mais. Aprende a não valorizar e cultivar felicidades pequenas, instantes mágicos. Os olhos opacos da indiferença podem ferir sua visão a tudo que de belo, bom e virtuoso ainda acontece ao teu redor. E, você vai murchando, lentamente.

Não divida...

Não divido meu grupo de amigos entre quem vota em D e quem vota em A.
Não divido meu grupo de amigos entre quem é remediado e quem é pobre.
Não divido meu grupo de amigos entre quem é católico e quem não é.
Não divido meu grupo de amigos entre quem é do Nordeste e quem não é.
Não divido meu grupo de amigos entre quem é branco e quem não é.
Não divido meu grupo de amigos entre casados e solteiros.
Não divido meu grupo de amigos entre quem gosta de forró e os de funk.
Não divido meu grupo de amigos entre homens e mulheres.
Não divido meu grupo de amigos entre quem é gestor e quem não é.
Não divido meu grupo de amigo entre quem é Palestino e os de Israel.
Não divido meu grupo de amigos entre os hetero e os homossexuais.
Não divido meu grupo de amigos entre quem torce pelo fluminense e os...


Não divido... aprendi a conviver com diferenças, reais ou imaginárias, e num tecido complexo, me vejo numa mesma trama, sendo eu mesmo, aceitando diferentes vistas de um ponto, que é quem faz a beleza do tecido social de povos desenvolvidos.

Navego pela feed de notícias do FB e fico abismado com tamanha agressividade. Não, não sou desse mundo.
Se para ser desse mundo é preciso excluir, bloquear, xingar amigos e familiares por suas opções, não, não sou desse mundo.
Um mundo no qual torcidas de futebol não podem voltar em paz após um jogo; eleitores não podem manifestar suas intenções, sem receberem uma saraivada de xingamentos; religiões mais brigam entre si do que pelo Reino; No qual a opção sexual não é respeitada, no qual o preconceito se disfarça em brincadeiras, em nada sutis insinuações.

Não, não sou desse mundo!

Mas, enquanto por aqui, livra-me Senhor de todas as Faixas de Gaza Emocionais!

Florescer ou murchar, a opção é só sua, acredite!

Hoje minhas meninas pediram-me que eu escrevesse um pouco mais sobre uma preleção que fiz pela manhã. Falei que nosso modelo mental tem dois fluxos de processamento das experiências que enfrentamos no dia a dia. Um deles é o fluxo instintual, apreendido ao longo dos anos. É uma forma rápida de reagir e se defender. Não pede muita reflexão. É pá, puf!.

Essa forma de processamento vai sendo moldada em nosso viver, sendo permanentemente reforçada e atualizada em sua concepção.
Imagine uma pessoa que na infância não podia falar quando à mesa de seus pais. Que ao primeiro balbucio recebia um: "cala boca rapaz".
No modo de processamento instintual, sempre que essa experiência for revisitada, noutros papéis vida afora, ele reagirá como fez na adolescência: ou seja calará. Calar é o padrão de reação aprendido e apreendido.

A única forma de evitar que os padrões infelizes sejam apreendidos é a consciência crítica, ou seja, a cognição, o conhecimento, a autonomia do ser.

Imagine que você sofreu um grande aborrecimento de seu cônjuge. Pensemos num extremo, no dia do seu aniversário ele esqueceu.

Essa vivência ou experiência de desamor poderá seguir os fluxos I ou II, sendo o II o lógico.

Se seguir o fluxo I, você reagirá da mesma forma como reagiu em experiências anteriores, na vezes que não se sentiu considerado (a) pelo amado (a). E tome patada!

No fluxo II há uma outra possibilidade. Você pode intervir nos seus pensamentos e remodelá-los pela razão, ou cognição como nós psicólogos gostamos de chamar. Como assim Ricardim?

Deixa eu te falar, nós temos um monte de coisas, gatilhos, prontos a ativarem nossa reação e o processamento instintual. Vamos virando animais. Brutos.

A única forma de não continuar a alimentar esse repositório de reações são os pensamentos. Os mesmos pensamentos que poderão te levar para uma reação descabida, são eles que poderão te levar para o fluxo de processamento racional.

Voltemos ao exemplo. Quando o pensamento de que você não é amado suficientemente chegar, por causa do esquecimento de seu dia de aniversário, você pode repreendê-lo e inserir uma dúvida no mesmo: como você não é amada é amado(a) se no dia anterior você ele(a) passou a noite planejando suas próximas férias?

Uma outra forma potente de lutar contra pensamentos tristes é a colocação no seu lugar de pensamentos alegres.

Tá bom, ele (a) esqueceu o seu aniversário mas o pessoal do setor fez festa. Ou você ligou para ele(a) e cantou parabéns para si mesmo com humor e deixou o(a) outro(a) sem jeito.

Se você não pode mudar uma experiência acontecida, ou uma vivência de dor, você pode mudar a si mesmo. a forma como permite que os pensamentos sobre ela aflijam você, ativando o fluxo do sofrer:
- Emoções: raiva, mágoa, tristeza, inveja, frustração, nojo, etc;
- Atitude: procrastinação, tibieza, apatia, perda da vitalidade, desconfiança;
- Comportamento: tirar satisfação; hostilizar; agredir; se vingar;
- Padrão Apreendido: Toda vez que se sentir desamado: apunhalar!

Qual o perigo dos pensamentos sobre o que não deu certo virarem prioritários em seu dia?

Eles ativam o modo automático, o processamento instintual, já que geram um dos condicionamentos mais letais que existem, o condicionamento operante, o mesmo que animais de circo são treinados. Um dos livros da bibliografia da psicologia positiva que recém adquiri e que venho dedicando muito estudo chama-se A Inutilidade do Sofrimento, autora portuguesa chamada de Maria Jesus Alava Reyes. Trata-se de uma obra brilhante. Afinal, os maiores centros de produção de pesquisa e publicação de conteúdos em psicologia positiva estão hoje em Portugal e nos EUA.

Reyes tem uma linha de tratamento para depressão, com 10 anos de resultados cientificamente documentados, baseado na teoria do pensamento. Ou terapia cognitiva.

Ela defende, e eu endosso, que a úncia forma de não alimentarmos o inconsciente instintual é debatermos com nossos próprios pensamentos.

Longe de ser uma terapia de auto-ajuda, trata-se de uma terapia que privilegia a autonomia do ser e suas escolhas.

O foco para o bem-estar passa por um combate aos pensamentos que teimam em poluir e empestar nosso ser, sobre tudo que não deu certo ao longo de nosso dia, mês, vida.

Esse pensamentos negativos acabam por gerarem reações aprendidas ao longo de nosso viver, nos colocando sempre em posições defensivas, ou de vítima. tome cortisol e adrenalina.

E, ao longo de nosso história vamos ficando ressentidos, resignados, rabugentos e descrentes de tudo e todos. Ou seja, chatos.

Para combater pensamentos negativos, ruins, só com pensamentos que o anulem e sobre eles cresçam: os bons.

Ontem, comecei o dia recebendo um presente de um amigo, frutos da cagaita.
Ontem, terminei o dia recebendo uma chamada de meu chefe por ter feito algo indevido.

Vamos ao exercício. O pensamento da chamada chega e me atordoa.
Fico sem chateado. Pergunto-me, posso voltar a cena e corrigir o fato? Não.
Pergunto-me, farei errado novamente? Não.
Aprendi e cresci com o fato? Sim.
Posso alterar rotas e cursos de ação, minimizar os danos causados? Não.
Então, não posso levar esse sofrer para o mês que vem. Preciso fechar as janelas dele.
Após essa reflexão, ativo o pensamento antídoto: o dia foi legal, ganhei cagaitas, e elas são deliciosas.

Agora convivem na minha psique o - e o +. Ou seja, anulo a força do negativo e não deixo que ele pegue o beco para uma relação instintual que tive vida afora, quando era menos preparado para lidar com situações do tipo.

Esse pensamento negativo tem o mesmo poder de um disco arranhando, ele fica remoendo, remoendo, remoendo. E você tem que ficar atento, para a cada remoer, lançar o outro. Repreender o negativo.
Mandá-lo calar a boca.

Será que você me entende?

Qual o segredo do bem-estar de pessoas com as quais cruzamos vida afora, mesmo em piores condições sócio-econômicas que as nossas?

Os pensamentos que elas deixam habitar em seu ser, e deles produzir emoções, atitudes, comportamentos e moldarem novos padrões do ser.

Eduquem seus filhos para valorizarem as coisas boas, e agirem sobre as não tão boas. Celebrarem e degustarem o bom, eternizando-o.

Eduquem-se para selecionar coisas boas, bênçãos, dádivas, pequenos milagres que vão acontecendo durante o dia, usando esses pensamentos para contrabalançar ao que de ruim aconteceu.

Esse é o algoritmo do bem-estar.

Que pode ser resumido num acrônimo: SEERR.

- Sentido (o norte de nossa vida, nossos valores, senso de missão)
- Emoções Positivas (alegria, gratidão, doação, bondade, esperança, etc...)
- Engajamento (envolver-se com algo que ao fazer o tempo para)
- Realizações (abrir o baú de nosso viver e celebrar o que fomos e somos)
- Relacionamentos Significativos (vincular-se ao afeto e amigos de fé)

O SEERR opera nos pensamentos, remodula nossa postura diante da vida e nos faz viçosos e animados para enfrentar a realidade: com a coragem de sobreviventes!

Por isso, alimente seu coração com coisas boas, pensamentos bons, um olhar sobre a vida que por ela valha a pena viver.

Isso fará toda a diferença quando estiver diante de uma dor insuportável.
Eu te digo, pois já vivi, e sobrevivi.

Pare de ficar resmungando sobre tudo e todos. Isso não te fará bem.
Pare de ficar só procurando o que te faz infeliz, como quem procura defeito em carro velho. Vai achar. Ahh se vai!

No algoritmo do florescer, aprender substituir os pensamentos ruminantes de dor, luto, mágoa ou culpa é uma questão de vida ou morte.

Pense nisso!

Cartas ao JG - Busque Flores

Querido filho, quando você for maior programe o GPS do seu carro para as coordenadas: Latitude 15 44\`32.9´´ S Longitude 47 52\`51.8´´W e siga pra lá nos meses de setembro ou outubro. Seja paciente. A qualquer momento um espetáculo da natureza acontecerá.

Trata-se de uma árvore rara por essas bandas, que vive enroscada numa outra enorme. Ela tem nome científico de MACFADYENA UNGUIS CATI.

É uma trepadeira que chama muita atenção por suas lindíssimas flores amarelas e perfumadas. Originária do México até a Argentina, tem o nome comum de unha-de-gato devido ao seu hábito de agarrar-se as coisas.

Hoje o dia estava difícil no trabalho. Daqueles dias pesados, com pendências aflorando aos borbotões e muitos leões pra matar (termo que usamos para desafios a vencer).

Na equipe que papai gerencia, um desfalque de 40% de pessoal. Além disso, estávamos lançado processo seletivo para o RJ e SP e sempre os momentos que o antecedem são tensos.

De onde papai trabalha, na Diretoria de Tecnologia do BB, para essas Coordenadas são 3 Km. Perto do almoço, chamei meus funcionários para despacharmos em trânsito. Eles não entenderam nada.

Disse-lhes: "Vamos ali, em 15 minutos voltaremos." Os levei para verem essa árvore trepadeira e seus cachos amarelos.

Alguns travaram a voz.

Outros ficaram sem reação.

Falei para eles que temos que ter espaço para a poesia, dentro do caos do dia a dia, e mesmo diante das maiores dificuldades, encontrar momentos para silenciar e contemplar o belo.

Isto nos tornará melhores e mais fecundos.

No caminho de volta, todos estavam silenciosos, a experiência os tocou profundamente.

Durante o resto do expediente o astral era outro, algo tinha acontecido, eles estavam renovados e cheios de ideias e forças para enfrentarem os desafios. Aquelas flores, e a parada contemplativa, os energizaram.

Encontre seu infinito particular. Um lugar para onde possa ir contemplar a vida. Louvar ao Criador e se unir ao Cosmos, em sua beleza estonteante.

Temos fome de pão e de beleza, precisamos de utopias, de sonhos, de fantasias, de dança, de música, de aromas.

Descobri mais tarde que essa planta tem valor medicinal como afrodisíaco, depurativo (limpar o sangue) e digestivo (colesterol).

Agora entendi o porquê voltamos melhores para a labuta.

Precisamos de afrodisíacos para continuar encontrando a tesão pela vida e o viver. a vida que vale a pena por ela ser vivida, a vida pela qual trabalhamos, estudamos, namoramos, brincamos e lutamos.

Não se perca dos afrodisíacos. Tenha-lhes sempre por perto. Vai ter dias em seu viver que você vai se sentir um bola murcha. Sem pique, gás, cansado, descrente, impotente, apático. Ou seja, um já morreu, um sem futuro. Aí, nesses dias, tome um chá das flores amarelas, caso encontre.

Caso não as encontre leia os Evangelhos e os Salmos. São maravilhosos estimulantes.

Outra maneira de "afrodisicar" tua vida é ajudar alguém. Nos dias que papai mais cansado fica, paradoxalmente, são os dias que mais potente e cheio de tesão pela vida ele volta pra casa. é que consegui ser útil e servi à alguém.

Outro elemento que essa planta possui tem efeito depurativo: "limpa o sangue". Não deixe seu sangue sujar com as mazelas da vida. Preserve o que você tem de mais sagrado, sua chama de viver. Não entupa seu sangue de toxinas emocionais, de tudo que não presta. Não tome transfusões de ódio, inveja, mágoas, culpas. Deixe-as do lado da cabeceira. No máximo, processe as mesmas no seu estômago. Mas, repito-lhe, não deixe que entrem no seu sangue. Purifique-se das impurezas com as quais irá cruzar e conviver. Para isso, chore, chorar é bom, lava. Conversar e orar são purificadores naturais. Cantar e dançar, praticar uma corridinha, um esporte, idem. Encontrar um tempinho antes de dormir e rezar, fazer uma revisão de vida melhora a circulação sanguínea emocional e purifica o coração. Senão achar as cascas dessa planta para se purificar, encontre a você mesmo. Como? Exercitando o autoconhecimento e o "Semancol". Pra que continuar a sentir ódio, culpa ou mágoa após o acontecido? Para que levar para tua cama todas as coisas que deram errado durante o dia. Deixe-as na cabeceira. Amanhã, você cuidará delas, se for o caso. Algumas delas, esqueça. Nada que fará vai alterar o dito, agido, sentido. Altere-se a si mesmo, caso não possa voltar a fita e mudá-las, ou resolvê-las mais adiante. Aprenda com elas, mas não fique escravo delas. São toxinas, vão te matando aos poucos.

Por último, essa planta ajuda a combater o colesterol ruim, diminui as gorduras que absorvermos. Quanta coisa vamos acumulando que só nos pesam a caminhada, pense nisso!. São as gorduras desnecessárias. Uma das maiores gorduras que vai ter que enfrentar é o consumismo, o materialismo. Pessoas que ficam escravas do ter, das coisas. Da moda, da vaidade, do poder. Precisam comprar para existirem.  E, a cada acúmulo, outros se sucederão, numa espiral doentia. Contudo, nunca  estarão satisfeitas. Ficam viciadas nas gorduras do ter, então, cuidado com o colesterol das posses. Tenha um estilo de vida simples. Adequado ao seu padrão. Cuidado, mais uma vez, com a gordura das posses.
Coisas que vamos incorporando ao nosso jeito de ser e que nos torna ofegantes, lerdos, gordos emocionais, que dificultam nossa mudança de trajetória, ou nosso repensar de atitudes. As gorduras entopem os vasos do coração, comprometem a oxigenação dos tecidos. Na nossa vida, represento-lhes pela ganância, pela ambição sem medidas, pela inveja, pela falta de generosidade, afeto e paz. Sabe qual é o maior dissolvedor de gorduras emocionais? O perdão. Sabe qual alimento tem menos gorduras interiores; a esperança. Não se perca da esperança. Não adie uma razão para recomeçar, voltar atrás, dialogar e perdoar. Pessoas vão pisar na bola para contigo, não as guarde no coração como triglicérides, em safenas debilitadas. Processe o luto do que não foi legal. Dissolva ódios, destile impurezas e seja feliz. Carregando menos pesos, menos outros reais ou imaginários que se juntarão a ti para te oprimir, sufocar e entupir as veias de teu viver. Liberte-se de tudo que te faz mal e te oprime. Aquilo que te engordará, mas que não te fará crescer.

Será que um dia me entenderá? Busque as flores, elas te ensinarão.

Eu Professor

Sou professor com muito orgulho. 
Não conheço outro ofício que mais me realize. 
Agora, o bacana é nos chamarem de educadores. 
Que seja.
Nunca fui o professor que o termo educador deseduca chamar. Assim, para mim tanto faz.
É que nunca me vi professando nada a uma pessoa considerada sem luz própria, ou seja, um A-Luno (sem luz)
A sala de aula transforma corações e mentes. 
Liberta, planta autonomias, respira mudanças. 

Desde o jovem Aristocles, que foi guiado no aprendizado por um professor perguntador, a educação mostrou o quão longe pode subverter realidades e corações. 
O que eles tinham em comum, o mestre e o aprendiz? 
O gosto pelas descobertas, a cada pergunta geradora proferida. Aristocles era Platão, seu mestre Sócrates. 

Creio que educar é provocar o sabor pelo objeto do conhecimento. E, juntos contemplá-lo, numa postura de humildade e sinergia. Exige amorosidade, temperatura afetiva sem a qual o ato pedagógico fica sem vibração cognitiva. 
Exige tesão pelo conteúdo, e, sobretudo,
fazer conexões do mesmo com a realidade, problematizando-a.
Exige paciência e respeito por diferentes ritmos e contribuições.
Exige empatia e comprometimento com os processos de ensino e aprendizagem.
A sala de aula pode ser um fecundo espaço de descobertas, 
de "despreconceituamentos", de politização e consciência crítica. Pode ser emancipadora.

A educação não é uma panaceia salvífica. 
Não resolve sozinha, nada. 
Mas, suscita condições para que o novo seja parido, e o velho, naquilo que amordaça, seja veementemente negado. 

Comecei a lecionar aos 16 anos. 

Desde então, sempre me vi como educador, formal ou informal. Nas salas de aula, ou nas catequeses das paróquias, ou nas estações de trabalho, ou ainda melhor, nas mesas de bares. 

Os autores que mais me marcaram foram Rubem Alves, Paulo Freire, Leonardo Boff, Monteiro Lobato e Edgan Morin. Mas, foram as pessoas que me educaram, as que de fato deixaram marcas em mim, esculpindo em minha rocha tosca e bruta, um educador melhor. A elas agradeço nessa noite!

Eu 50

Vou aproximando-me dos 50 anos, como quem adentra um templo sagrado: esperançoso, reverencioso e cheio de coisas a conversar com o Alto. E com nada a pedir, só muito o que agradecer.
Hoje gostaria de sentar-me ao lado Dele e ver as fitas de meus melhores momentos. Iríamos dar boas risadas.
As fitas dos momentos não legais, mofaram num canto de meu coração, não estão mais acessíveis.
Na retrospectiva ao lado Dele, começaria vendo a reação de minha mãe por eu ter chegado atrasado no Centenário de minha cidade - Campina Grande-PB. Era um 11/10/64, se eu nascesse naquele dia minha mãe ganharia uma cesta com fraldas, chupetas e outras "ferramentas" pra cuidar de um nenê. Traquino como já era, deixei para nascer dia 13/10. Logo, minha mãe foi buscar a consolação, pelas fraldas perdidas, (rs), na fé. Afinal, dia 13 era o dia da aparição de Nossa Senhora de Fátima.
E assim minha vida foi acontecendo. Nem sempre tive esse sorriso largo. Nem sempre tive essa preocupação ansiosa. Mas, sempre acreditei que o melhor sempre viria. A maior bênção que recebi Dele foi a de me tornar um ser de acreditações positivas. Agora teclo embaixo de uma árvore do Cerrado, escuto o som de pássaros e de crianças correndo atrás de uma bola, entre elas meu quarto filho, o JG, de cinco anos. O vento voltou a somprar no Planalto Central de meu Brasil. Hoje sopra forte também nos vales de meu coração, fecundando-os. Sinto o amor. Vejo o amor. Meus olhos fotografam o belo. Dão cliques imaginários, nas borboletas, brotos, flores, pessoas, nuvens. Tudo vou enquadrando nas lentes de meu viver. Tornei-me olhar, escuta. Aqui, sentando numa pedra, contemplo um tapete de folhas que ao morrerem produzem vida. Sinto a paz. Uma Sabiá encantada chega perto de mim. Vem saltitando pelas folhas. Atraio pássaros. Ou penso que sim. As cigarras anunciam chuvas serôdias, ardentemente desejadas pelas raízes retorcidas. Essa data que se aproxima pede um balanço. Pede retrospectivas.
Nesses 50 caminhados, nunca fui mais longe do que Buenos Aires, numa promoção que ganhei por um conto que escrevi: "A telefonista do 102."
Não aprendi inglês suficiente pra falar bonito.
Deixei pra depois aprender a dançar, e dancei.
Tenho um monte de livros que nem sei se lerei um dia, mas tê-los conforta-me.
A sábia Sabiá revira folhas procurando insetos. Ela deve ser mãe, e ter um ninho com jovens rebentos esperando o lanche da manhã. Escuto formigas brincando de passa passa umas com as outras.
Tenho um monte de coisas que não farei mais. Que deixei pra trás e desapeguei.
Não farei mais RPG. Não sei respirar direito e a moça é brava.
O parquinho do balanço tem o nome da menina que faleceu. Balancei o balanço, ele balançou por minutos. Pode ter sido, pode não ter sido. Que importa. Elevo minhas preces para a pequena Luíza, que ela esteja com Ele.
Por que esse tema invade minhas divagações? Porque esse sou eu, um zigue zague de pensamentos, e não me peçam para que eu fique muito tempo sentado.
E, por onde andei nos 50 passos que já dei? Siglas e nomes: moldaram em mim a pessoa que aqui chega. Sem o que esses passos não teriam tido sentido, emoção e prazer algum:
PAIS, IRMÃOS, FILHOS, AMADAS, AMADA, FAMÍLIA, AMIGOS, ENCONTRO CASAIS COM CRISTO, GAV, JORENAC, EJC, CRISMA, DAMAS, RUA ANTENOR NAVARRO 321, BANORTE, POÇÕES, REMÍGIO, PARÓQUIA DO ROSÁRIO, CRISMA, CAPELA DE SÃO SEBASTIÃO, COMUNIDADE METODISTA JARDIM BOTÂNICO, AMOBB, FEIRANTES DE SÃO SEBASTIÃO, CAMPINA GRANDE, JOÃO PESSOA, BRASÍLIA, SESI, NATAÇÃO, AABB POÇÕES, MOTO, HCB, SOBRE A VIDA E O VIVER, APANHADORES DE POSSIBILIDADES NOS CAMPOS DO INFINITO, DIPES, CONTROLADORIA, VAREJO, CAIEX, AQUIDABÃ, JUAZEIRINHO, SERRA NEGRA DO NORTE, SEMENTES DO AMANHÃ, CAPITAL HUMANO, DITEC, GOVERNANÇA DE TI, OTIMISTAS, PROGRID, PJ, IBMEC, UNIP, UEPB, UNB, USP, BB, INFRAERO, METODISTA, CATÓLICO... , NIKON, BODE COM FARINHA, BONITAO DAS TAPIOCAS, SERTÃO, MAR e CERRADO.

Negue

Meu filho, você nasceu no DF, na maternidade do hospital Santa Lúcia. Tenha orgulho de ser Brasiliense. 
Eu nasci em Campina Grande-PB, tenho orgulho dela.
Quando puder, vá visitar a terra de seu pai. 
Sua mãe, nasceu em Pirajuí-SP, migrando para Londrina-PR aos 6 anos.
Ela adotou o Paraná como sua casa e se diz paranaense. 
Só aqui, você já tem quatro estados de referência: DF; PR. SP e PB. Seus três irmãos, de meu primeiro casamento, são filhos de uma Recifense, pernambucana da gema, agora. junta-se à tua história, mais um estado o PE.
Na bandeira da Paraíba tem a expressão NEGO. 
É nego, do verbo negar. Na década de trinta, o então Presidente da Unidade da Federação Paraíba aliou-se ao Presidente da Unidade da Federação Rio Grande do Sul, o Getúlio Vargas, e negou que o próximo presidente do Brasil deveria continuar a vir dos estados de SP e MG, chamada à época de República Café com Leite. 
O nome dele era João Pessoa, e foi brutalmente assassinado, meses depois, na cidade do Recife. Por isso, o preto da bandeira de meu estado: o luto pela morte de João Pessoa, e o vermelho, pelo seu sangue derramado.
Ame sua terra, o DF, mas não seja besta. Há lugares e pessoas boas em todo o Brasil. conheço 26, de seus 27 Estados e Territórios. E, te digo, nosso país é lindo. E, o mais lindo, são suas pessoas.
Nós, paraibanos, somos o povo do NEGO.
Teu pai, é um pai do NEGO.
Nego que o papel da mulher seja atrás de um fogão. Nego que o homem possa bater numa mulher. Nego que homem não chora. Nego que pais não possam cuidar, brincar e amar seus filhos. Nego que não podemos dividir as tarefas domésticas.
Nego que uns possam ter acesso à educação e saúde, e outros não. Nego que o suborno seja norma para resolver pendências com o Estado. Nego o preconceito de qualquer forma e estilo. 
Nego que existam raças melhores do que outras. Nego, veementemente, qualquer tentativa de tornar os habitantes de Estados brasileiros, num bloco monolítico, de preconceitos de qualquer espécie. 
Nego que aja solução melhor do que o voto, para tornar nosso país melhor.
Eu nego!
Aprenda a negar. 
Negar num ambiente de mediocridade crescente é muito importante. Quando todo mundo estiver metendo o pau numa determinada ação, procure sua própria essência, sua própria reflexão, e, se for preciso, negue!
Cuidado com os extremos. Procure o centro. A humanidade está ficando mais reacionária, quando você vir a ler esse post a coisa deverá tá mais aguda ainda. Assim, aprenda a negar.
Negue o lugar comum. Você pode fazer seu jeito de ser diferente. Cuidado com o pensamento das massas. 
Cuidado.
Cuidado com toda crença extrema, com toda forma de convencimento que oprime, exclui e aliena. Cuidado com dogmas e verdades sagradas.
Cuidado com conceitos de quem nunca viveu o que prega, ou nunca experimentou o que diz que saboreia. Cuidado.
Negue. Negue o lugar comum. Negue as ideologias-ismos, ou istas, de qualquer tipo.
Ache suas próprias convicções. Leia, estude, ame a história, mas não seja besta. Aprenda a conviver com pessoas de outras tribos, pensares, agires.
Não. Ninguém sabe de nada.
O que realmente importa? Quem poderá dizer? Eu te digo: NEGUE!
Negue o desamor. Negue a falta de perdão, a falta de afeto. Negue a ausência de ternura, de justiça, de compaixão, de gratidão, de generosidade, de gentileza.
Ouse ser diferente, seja você mesmo e negue tudo que ofender tua dignidade, e não fizer sentido ao teu mundo de valores, mesmo que tenha um alto preço a pagar. Mas, repito, negue! E serás feliz, como sou.

Desfaça as malas!

Uma história de amor tão bela,
que vi no filme os 
Dois Filhos de Francisco,
por que precisa seguir esta 
trajetória de mágoas e ódios recíprocos?
Tá cheio de reportagens ensinando a separar,
dando valor a quem parte pra outra, ficou até na moda.
Vi outro dia que até festa de descasamento já existe.
Mas, amor mesmo pede paciência, 
pede recomeços,
perdão, aceitação, renúncias, 
pede reabrir o baú
de bons momentos vividos, 
revivê-los e ousar reinvestir afeto na relação.
Relações a dois parecem que viraram games,
é só trocar de fases, 
ou pegar dicas pra ganhar vidas
 - noutras personas, 
sem precisar se comprometer um com o outro.
Deixa-se de um admirar o outro,
e se morre por inanição.
Todos os dias desfaço minhas malas 
que teimam em querer partir.
Têm muitos casais que estão 
sempre de malas prontas, 
um para com o outro, malas emocionais.
Que se vive numa ansiedade a dois, 
prontos a explodirem.
Malas prontas, tal qual quem chega 
num destino por um curtíssimo
espaço de tempo, 
e que não compensará desfazer as malas no hotel.
Digo-lhe, desfaça as malas de sua relação a dois.
Lute por ela. 
Todos os dias desfaço as minhas.
Por isso, vibro com pessoas queridas que sei que estão nesse momento desfazendo as suas e acreditando em mais um recomeço.
E, se não der certo, pelo menos saberá que lutou o quanto pode para que o outro não fosse tido como um descartável, tal qual se faz com os brinquedos de infância, ao crescer.

Crônicas Anteriores